quinta-feira, 28 de outubro de 2010

ABSTRACIONISMO, 1910


“Toda representação não figurativa”




I – DADOS CRONOLÓGICOS:

A ABSTRAÇÃO nasceu em 1910; data realmente assombrosa tendo em vista que o Cubismo não levava nem três anos de existência e ainda não se buscava totalmente o abstrato efetuado pelo Cubismo analítico, o mais desquartizador e geometrizante.
Em pouco tempo o Abstracionismo dominou a pintura moderna e tornou-se um movimento bastante diversificado.
Considera-se que a moderna Arte Abstrata tenha sido iniciada quando o pintor russo WASSILY KANDINSKY, pintou as suas primeiras aquarelas com signos e elementos gráficos que apenas sugerem modelos figurativos, assinalando nova etapa no processo de desmanche da figura que se iniciara com Picasso e Braque, no Cubismo.



II – INTRODUÇÃO:

Entende-se por arte abstrata toda manifestação das artes plásticas, seja na pintura ou na escultura, na qual se desistiu da representação natural ou ilustrativa da realidade, para dar vazão a composições independentes dela.
Assim, uma tela Abstrata não representa a realidade figurativa, nem narra com imagens uma cena histórica, literária, religiosa ou mitológica.
É preciso esclarecer que não é possível se falar em arte abstrata própria e unificada. Na verdade, houve dentro dela várias correntes, que às vezes estavam tão próximas quanto à sua filosofia, outras vezes muito afastadas, mas todas se mantinham sempre dentro do limite não-figurativo.
A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade visível, ela passa a ser abstrata.
O pintor russo Kandinsky foi o primeiro artista propriamente abstrato. Suas teorias sobre a abstração das formas como expressão do espírito humano determinaram uma mudança substancial na pintura e escultura do século XX. Juntamente com ele, Piet Mondrian, da corrente neoplástica, propôs a redução às formas geométricas puras de tudo aquilo que fosse representável. Essa foi uma proposta dos cubistas que o pintor levou a extremos totalmente não-figurativos, com a consequente racionalização da pintura.
O fato de os artistas mais representativos da Arte Moderna Européia terem-se mudado para os Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, foi muito significativo para a difusão da arte abstrata. Muito deles, convidados pelas universidades, deixaram entusiasmados jovens artistas americanos, e lá, fundou-se a American Abstracts Artist, precursora da vanguarda expressionista.
A partir das obras dos pintores mais representativos das vanguardas européias, como Kandinsky, Duchamp, Delaunay e Picasso, entre outros, surgiu uma nova expressão nas artes que subsistiu durante o período que mediou as duas guerras.
A complexidade de motivações e a diversidade desses artistas produziram grupos diferentes, com traços específicos de estilo e certas técnicas que dificultam uma classificação estilística geral da pintura abstrata.
Assim, dentro dessa vasta diversidade que ocorre dentro da vanguarda do século XX, determinou-se, de modo muito superficial, a existência de duas grandes categorias, citadas de modo resumido a seguir. Não se pode esquecer que muitas correntes aconteceram simultaneamente, outras surgiram do desenvolvimento das anteriores e finalmente existem as que emergiram da total oposição representada por alguns artistas individualmente. A priori, então, e simplificando, pode-se falar de duas categorias.



1. ABSTRACIONISMO SENSÍVEL OU INFORMAL:


Kandinsky, ”A Fuga”, 1914.

A pintura abstrata sensível ou lírica caracteriza-se pela atitude totalmente animista, subjetiva, de conteúdo simbólico e gestual, diante da obra, onde predominam os sentimentos e as emoções.
As cores e as formas são criadas livremente para expressar seus sentimentos interiores, sem relacioná-los a lembrança do mundo exterior.
Estes artistas se aprofundam em pesquisas cromáticas, conseguindo variações espaciais e formais na pintura, através das tonalidades e matizes obtidos.
Estes elementos da composição devem ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra musical. São entre outros, Kandinsky, que parte e evolui na obra dos expressionistas americanos, Pollock, Kline, De Kooning e Motherwell, entre outros.
Também estão nesta categoria as vanguardas do pós-guerra europeu, como o informalismo, representado por Fautrier, Dubuffet e Millares, e mais tarde por Bacon, ou o grupo Dau al Set, no qual se inclui o pintor Tapies.

No Brasil, a abstração surge com maior ênfase em meados dos anos 50. Iberê Camargo (1914-1994), Cícero Dias (1908), Manabu Mabe (1924-1997), dentre outros praticam a abstração informal.



2. ABSTRACIONISMO GEOMÉTRICO OU FORMAL:


Mondrian, “Composição”, 1921

O abstracionismo geométrico ou formal desenvolveu-se a partir do cubismo e evoluiu para um racionalismo matemático, representado pelas formas organizadas de maneira que a composição resulte apenas na expressão de uma concepção geométrica, cores puras (vermelho, azul e amarelo) e o ângulo reto, símbolo do movimento e aplicado à arquitetura.



É o caso dos neoplásticos da Holanda, como Mondrian ou Van Doesburg e o suprematismo de Malevitch, a pintura com base nas formas geométricas planas, sem qualquer preocupação de representação.
Os elementos principais são: retângulo, círculo, triângulo e a cruz e o construtivismo russo. Também devem ser incluídas aqui as obras de Vasarely e Cruz-Diez.

Da abstração geométrica derivam o construtivismo, o concretismo, o monocromático, e, mais recentemente, o minimalismo e a Op arte.
A abstração geométrica, que se manifesta no concretismo e no neoconcretismo também nos anos 50, encontra praticantes em Tomie Ohtake (1913).



III - ESCULTURA NA ARTE ABSTRATA:


A escultura abstrata se caracterizou pelo afastamento dos moldes naturalistas, em favor da representação das formas geométricas puras, mais racionais, ou as simbólicas, consideradas uma síntese das formas orgânicas. É preciso, no entanto, falar de peças, objetos e instalações, já que o tridimensional se desenvolveu a partir da combinação de materiais completamente alheios aos que a escultura havia conhecido até então, com exceção do dadaísmo e do cubismo.
A partir da arte abstrata o limite entre escultores e pintores se dissolveu ainda mais. Por isso, embora se faça referência a artistas dedicados principalmente à escultura, como Henry Moore ou Constantin Brancusi, houve outros, que fizeram experiências interdisciplinares, como os neoplásticos holandeses ou os minimalistas americanos e ingleses. Na escultura abstrata surgiram correntes diversas, muitas vezes de acordo com as da pintura, que possibilitam sua classificação.
A escultura orgânica que tem seus antecedentes mais imediatos no dadaísmo. Agrupou todos os artistas que ainda buscavam a representação da subjetividade humana e de seu próprio simbolismo interno, sem abandonar totalmente as formas figurativas. Quanto à escultura racionalista, ela se caracterizou pelo rigor de suas formas volumétricas, chegando alguns casos, como os neo-abstratos, a reduzir a função da escultura à era ocupação do espaço.
Assim como a pintura, a escultura abstrata chega ao auge graças ao interesse que despertou em marchands e colecionadores e aos programas estatais que deram aos artistas oportunidades de popularizar suas obras, utilizando-as na decoração urbana. Como ocorreu antes, com os mecenas do renascimento, as cidades passaram por uma renovação estética em que novas peças de arte abstrata se integraram, em praças e calçadas, com as mais importantes dos séculos passados.


Brancusi, “O Beijo”, 1907.


Henry Moore, Draped Reclining Figure, 1952-53.
Bronze

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!!! Me ajudou bastante com meu trabalho.