quarta-feira, 27 de outubro de 2010

FERNAND LÉGER


(1881-1955)



De origem modesta, de família de camponeses normandos, desde cedo se interessou pelo desenho, o que o leva a Caen, capital da Alta Normandia, França, aos dezesseis anos, onde trabalhou como aprendiz de arquiteto.
Em 1900 rumou para Paris, ingressou na Escola de Artes Decorativas e após uma tentativa frustrada de ingressar na Escola das Belas-Artes e na Academia Julien, frequentou vários ateliês, aproximando-se dos cubistas e entrando em contato com a arte de Cézanne que chamava a atenção para a geometria contida nos objetos naturais e passou a pintá-los não como se fossem cubos, mas como cilindros e cones.

A partir do ano de 1911, conheceu Pablo Picasso e Georges Braque, os quais lhe transmitiram influências cubistas, nas quais se aplicou e trabalhou durante a maior parte da sua carreira artística.
Destaca-se nessa fase a tela, "Nus na floresta" iniciada em 1909 e apresentada na exposição de 1911, no Salão dos Independentes.


Convocado em 1914, Léger reconhece na Primeira Guerra Mundial a experiência máxima de sua vida. A descoberta, como afirmou sobre o "povo francês" tem sobre o pintor profunda influência, o que bastou para fazê-lo esquecer a arte abstrata de 1912-1913. A partir dessa experiência, Léger se destaca por uma integração homem-máquina que o distingue de qualquer outro pintor. Inventa uma vida plástica e colorida, partindo da precisão das máquinas e fazendo abstração do espaço. Sinais ferroviários, bielas e trilhos alternam em telas imensas com palhaços, bailarinas e operários.

“Acrobatas do circo”, 1918.

Léger se preocupa mais com o aspecto sensorial do tema do que com a rigorosa análise cubista da relação espaço-objeto. Liga os objetos tubulares, geometricamente cortados, a elementos naturalistas do ambiente, através de formas ligeiramente arredondadas e amplas, cujas cores contrastantes lhes revelam o dinamismo.


Travessia Ferroviária, 1919

A partir de 1920, predomina em sua obra a figura humana enquadrada por elementos industriais. Ainda na segunda década do século, numa nova fase da sua vida, produz e dirige o filme O ballet mecânico.
Uma mulher se balança em um jardim e do balançar brotam delírios caleidoscópicos intensificados pela alucinante música de Antheil. O filme usa técnicas inovadoras de filmagem como o loop-printing, uma técnica que só veio a tornar comum no cinema experimental dos anos 60!


“O ballet mecânico”, 1920.






“Natureza morta com uma caneca de cerveja”, 1921.


“A Compoteira de Peras”, 1923.



“A Banhista”, 1932.


“Os acrobatas”, 1933.


"Os acrobatas" (1933) é uma das obras mais conhecidas do pintor cubista Fernand Léger. Nela, quatro acrobatas foram capturados em plena atuação: a personagem no centro da composição parece balançar-se nos ombros da que se encontra por baixo, enquanto a mulher à esquerda faz piruetas atrás de seu parceiro, que parece impassível. Ao fundo, encontram-se as cordas e as escadas necessárias ao número de equilibrismo.
Léger viu a pintura como um terreno aberto à pesquisa formal e cromática, onde os temas, recorrentes se manifestavam, ora submissos ora destacados do ambiente envolvente da composição. As formas geométricas e planas das figuras, combinadas com cores fortes e uniformes, e os densos contornos negros são características de sua obra.


Composição, 1936.

Em seguida, o artista aproxima-se de Le Corbusier e desenvolve a pintura mural. Durante a Segunda Guerra Mundial Léger vive nos EUA, descobrindo "a intensidade norte-americana". Algumas de suas obras mais importantes datam desse período.


“A planta”, 1945.


“O Vaso Azul”, 1948.



“Os Construtores”, 1950.


LÉGER criou, a partir do Cubismo Sintético, uma linguagem pictórica que, segundo ele esperava, levaria a arte ao mundo do trabalho e do lazer do proletariado.
Formas vigorosas e claramente definidas, sugerindo máquinas, são apresentadas em cores enérgicas que dão uma nota de alegria e otimismo a um mundo mais habitualmente associado à fumaça e graxas. Assim, LÉGER não representa as misérias da classe trabalhadora, mas usa sua arte para celebrar o mundo do trabalho viril e vigoroso.
Para ele, os objetos simbólico-emblemáticos da civilização moderna são as engrenagens, as tubagens, as máquinas, os operários da fábrica: sua finalidade é decorar, isto é, qualificar figurativamente o ambiente da vida com os símbolos do trabalho da mesma maneira que, antigamente, decorava-se a igreja com os símbolos da fé.


”Vitrais-Universidade Central da Venezuela”,1950


“As três irmãs”, 1952.



Um ano antes de morrer, o pintor completa "A grande parada" (1954), considerada a síntese de sua arte, monocromia cortada por faixas fortemente coloridas, ligando estranhas e poéticas figuras humanas.


A grande parada, de 1954


“Os trapezistas”, 1954.

O trabalho de Léger exerceu uma influência importante no construtivismo soviético. Os modernos pôsteres comerciais, e outros tipos de arte aplicada, também se vieram influenciar por seus desenhos. Em seus últimos trabalhos, realizou uma separação entre a cor e o desenho, de tal maneira que suas figuras mantêm seus formulários robóticos definidos por linhas pretas.

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