segunda-feira, 4 de outubro de 2010

JEAN BATISTA DEBRET ou DE BRET


Paris, 1768 – Paris, 1848



"Queria oferecer aos estrangeiros um panorama que extrapolasse a visão de um país exótico e interessante apenas do ponto de vista da história natural. Acreditava que o Brasil merecia estar entre as nações mais civilizadas da época e que a elaboração de uma obra histórica a seu respeito seria uma contribuição valiosa para que esta justiça se cumprisse."




I – JEAN BAPTISTE DEBRET: UM ARTISTA VIAJANTE À SERVIÇO DA COROA PORTUGUESA NO BRASIL

Jean Baptiste Debret, nasceu no ano de 1768, em Paris, França. Recebeu grande influência artística de seu primo Jacques-Louis David, um virtuoso pintor portador de um profundo rigor clássico. Debret sempre frequentou ateliês na França, seu pai era funcionário público e possuía verdadeiro interesse em história natural, elaborando pesquisas sobre o assunto. Referida influência também contribuiu bastante para trajetória artística de Debret, sendo utilizada inclusive no Brasil.
A formação cultural de Debret se desenvolveu em meio a conturbados momentos políticos da França revolucionária. O artista passou a fazer parte do grupo de pintores responsáveis pelas imagens de atos históricos e heróicos de Napoleão Bonaparte. As academias francesas de arte até este momento, preocupavam-se com o resgate da historia antiga, trazendo, desta forma, a intenção de elevar a moralidade social da época. Com a "intervenção" de Bonaparte, o cenário é alterado, pois os pintores agora teriam de se preocupar em revelar, com praticamente nenhuma liberdade, assuntos pertinentes à história contemporânea, da qual o próprio Imperador era protagonista.
É interessante notarmos que o cenário que antecedeu a vinda do pintor francês a terras brasileiras estava um tanto quanto conturbado. Não podemos esquecer que Napoleão praticamente expulsou a Coroa portuguesa, que na ocasião, fugira para o Brasil. Em 1808 D. João e mais 15 mil pessoas que acompanhavam a Corte, desembarcaram no Rio de Janeiro. Neste mesmo período, os portugueses estavam de relações políticas e sociais, completamente cortadas com os franceses. Mas, um fator decisivo que apóia a vinda de artistas franceses está ligado à atuação dos "agentes" portugueses. O agente português, Conde de Baça esteve em Paris momentos antes dos artistas franceses embarcarem para o Brasil. Com a eliminação definitiva de Napoleão em 1815 a diplomacia entre Portugal e França voltou a apresentar cordialidade entre os países.


II – CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL:

A primeira metade do século XIX atraiu grandes artistas franceses ao Brasil em busca de trazer cultura para o país e "produzir" novos artistas, além de retratar a cultura brasileira que encontrava-se em processo de formação de sua própria história. Entre eles, a presença de DEBRET durante quinze anos, foi de fundamental importância, pois em sua obra: "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil", além de apresentar importantes traços subjetivos, distanciou-se da ideia de apresentar documentalmente as imagens da escravidão negra no Brasil, e também sobre os "exóticos" momentos da monarquia lusa, instalada no Rio de Janeiro a partir de 1808.
Debret sem dúvida, foi mais do que um pintor oficial da nobreza, também atuou com muita competência na fundação da Academia Imperial de Belas-Artes do Rio de Janeiro, contribuindo como professor, cumprindo desta forma, outro desejo do Príncipe D. João VI.


III – A ARTE DE DEBRET

"Ao longo de suas páginas, Debret enfatiza o que considera os diferentes momentos da marcha da civilização no Brasil: os indígenas e suas relações com o homem branco, as atividades econômicas e a presença marcante da mão de obra escrava e, por fim, as instituições políticas e religiosas."

DEBRET apresentou com detalhismo em três volumes publicados em 1834, 1835 e 1839, as particularidade da formação do Brasil, a sua identidade cultural, a miscigenação, os costumes de seu povo e o desenvolvimento cultural local.

" ...traduzia, igualmente, nas primeiras décadas do século XIX, a opção por privilegiar, no "retrato" dos povos, aspectos que não estivessem limitados às questões políticas, mas que dessem testemunho da religião, da cultura e dos costumes dos homens."


IV – OBRAS:


V – RETRATO DE EL-REI DOM JOÃO VI (1817)


Entre o Neoclassicismo e o Romantismo

DEBRET teve formação neoclássica e conservou o caráter racionalista próprio do grupo de artistas da França napoleônica: suas aquarelas pitorescas possuem o caráter típico das representações feitas por viajantes em busca de paisagens e de exotismo, retratando os nativos com perfeição formal, fortes, com traços bem definidos e em cenas heróicas.
Entretanto, em seus textos que acompanham as imagens, são notados aspectos não neoclássicos, e, sim, românticos, caracterizados por defender a liberdade de criação, privilegiar a emoção e a relação subjetiva que o artista estabelece com as cenas que representa.
A estética neoclássica apresenta uma arte distante da realidade, figurativa e plástica, DEBRET utiliza-se de sua própria interpretação e retrata com intimismo o que sente e o que vê.

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