segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

VLADIMIR TATLIN E O CONSTRUTIVISMO RUSSO



 Pintor, escultor e arquiteto russo nascido em Kharkov, Rússia, hoje Ucrânia (1885-1953), primeiro teórico do construtivismo soviético e grande incentivador do movimento. Estudou na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou, graduou-se na Academia de Belas-Artes de Moscou (1910) e começou a carreira produzindo quadros em estilo figurativo.
Viajou a Paris (1913), onde é influenciado pelas construções tridimensionais de Picasso, em papel, madeira e outros materiais. 




Retornou a Moscou e integrou-se a um grupo de pintores e escritores russos vanguardistas de Moscou, Odessa e São Petersburgo. Nesse período desenhou para o teatro e participou de diversas exposições.
Tatlin criou os chamados contra-relevo, assemblages abstratas de metal industrializado, arame, madeira, plástico, com superposição de fios, vidro, alcatrão e outros materiais, numa técnica semelhante à colagem cubista.
Para o artista, os contra-relevos ficavam numa zona intermediária entre a pintura e a escultura porque fugiam da estabilidade dos pedestais ou das paredes, ficando muitas vezes suspensos por arames estendidos de diversas maneiras no encontro de duas paredes. Ele dava muito mais ênfase ao espaço, do que com a matéria, e isso o fazia revolucionário.


Vladimir Tatlin , “RELIEVE”, 1914 – metal e couro sobre madeira – 62,9 x 53 cm.

  É a partir destas obras que Tatlin funda o Construtivismo, movimento que associaria vários artistas como do Aleksandr Rodchenko e sua mulher Stepanova.
Com o triunfo da revolução soviética (1917), passou a trabalhar usando a arte como instrumento de educação para o povo.
Os construtivistas acreditavam que a arte deveria refletir o novo mundo industrial e adaptar formas, materiais e técnicas da moderna tecnologia, encarnando a ideia do artista-engenheiro empenhado na construção de objetos úteis.
Exemplo desta fase criativa é o “Relevo de esquina complexo”, de 1915, em aço, alumínio, zinco e madeira. Peças de metal e de madeira são justapostas e suspensas da esquina de uma sala, pretendendo acentuar valores de contraste entre formas, materiais e texturas.
Muitas construções, como o Monumento da 3ª Internacional (1919), criado por Tatlin, são protótipos para arquitetura, cenários ou desenho industrial.
Este monumento pretendia representar os novos tempos e a dinâmica social, tentando integrar arte e técnica. Esta metáfora da sociedade maquinista relaciona-se com um tema que estava presente também nos outros movimentos de vanguarda. 



Feito com ferro, vidro e madeira, em consonância com as ideias socialistas e usando materiais industrializados empregados no uso cotidiano, colocaram a arte a serviço do bem comunitário, atuando na direção utilitária do desenho industrial e arquitetura.
A torre teria 400 metros de altura (mais alta que a Torre Eiffel) e o monumento seria colocado no centro de Moscou.
O projeto, nascido num momento de entusiasmo político, nunca foi construído devido à alteração da política governamental que passou a manifestar-se contra a arte de vanguarda e também pelo pouco aço, dessa forma, a ideia não passou de um modelo, mas certamente teria sido o mais impressionante “construto” de todos os tempos.
Inclinada como a Torre de Pisa, a estrutura vazada de vidro e ferro se baseia numa espiral contínua para representar o progresso vertical da humanidade, onde todos os cilindros iriam girar: embaixo daria uma volta de 365 dias, no meio, 30 dias (lua) e em cima, 24 horas.
Na parte de baixo comportaria repartições públicas; no meio, escritórios e em cima, uma estação de rádio. Na calota (protetor) trazia slogans comunistas.
Reconstruída em 1976/1968 (maquete) para uma exposição na Moderna Museet, em Estocolmo, Tatlin projetou essa movimentada torre como um símbolo do monumento e do ilimitado potencial da União Soviética, representando a alegoria do Cosmo.
Representa o imaginário do Construtivismo.
Depois da Revolução Bolchevique de 1917, os artistas construtivistas ganharam poder político e isso causou um desacordo entre aqueles interessados numa arte pessoal e aqueles ocupados em fazer um design utilitário para as massas. Por essa razão alguns deles como Naum Gabo, Pevsner, o pintor Vassily Kandinsky e outros deixaram a União Soviética; alguns foram para a Alemanha, para a escola Bauhaus de arte e design, assegurando a expansão dos princípios do Construtivismo através da Europa e mais tarde nos Estados Unidos.
Tatlin foi um dos artistas que se mantiveram na Rússia após este desinteresse político pela arte experimentalista, sendo obrigado, no fim da vida, a retomar a pintura figurativa que caracterizou a arte do regime de Stalin. Morreu em 1953.

O Construtivismo marcou o fim de uma era brilhante. Em 1925, o Comitê Central do Partido Comunista saiu contra a abstração; em 1932 os grupos culturais foram dispersados, em 1934 um novo estilo de propaganda do realismo social se tornou a única abordagem artística oficial da União Soviética.
O Construtivismo constitui-se em tendência universal e permanente na Arte. Movimento anti-naturalista gera formas segundo uma ordem matemática, propondo uma arte abstrata, geométrica e autônoma. Corresponde a uma ruptura total com a tradição da mimese, ou da representação da realidade visível.
Esta tendência faz surgir um conjunto de obras semelhantes, mas com diferenças quanto a sua origem. Partes delas oriundas da desconstrução e reconstrução geometrizada de formas naturais como no caso do Cubismo e Futurismo. Outras anti-naturalistas resultam de uma ordem matemática com uma linguagem de formas e cores autônomas em relação à natureza ou ao real como, por exemplo, o Abstracionismo em sua segunda fase e a Arte Concreta.    


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