sexta-feira, 14 de março de 2014

VÍCIOS DE LINGUAGEM



A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. As alterações defeituosas que sofrem a língua em sua pronúncia e escrita devidas à ignorância do povo ou ao descaso de alguns escritores, têm os chamados vícios de linguagem. São eles:

1. BARBARISMO: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.

pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)

2. SOLECISMO: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.

“Fazem dois meses que ele não aparece.” (em vez de faz; desvio na sintaxe de concordância)
São os erros que atentam contra as normas de concordância, de regência ou de colocação.

Exemplos:
Solecismo de regência:

“Ontem assistimos o filme.” (por: Ontem assistimos ao filme)

“Cheguei no Brasil em 1923.” (por: Cheguei ao Brasil em 1923)

“Pedro visava o posto de chefe.” (correto: Pedro visava ao posto de chefe).


Solecismo de concordância:

“Haviam muitas pessoas na festa.” (correto: Havia muitas pessoas na festa)

“O pessoal já saíram?” (correto: O pessoal já saiu?)


Solecismo de colocação:

“Foi João quem avisou-me.” (correto: Foi João quem me avisou).

“Me empresta o lápis.” (Correto: Empresta-me o lápis).


3. AMBIGUIDADE ou ANFIBOLOGIA: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.

“O guarda deteve o suspeito em sua casa.” (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)


4. CACÓFATO: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.

“Paguei cinco mil reais por cada.”


5. ECO: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.

“O menino repetente mente alegremente.”


6. PLEONASMO VICIOSO: consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
“O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.”
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.

7. ARCAÍSMO: palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou passaram a ter emprego diverso.

Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), assi (por assim) entonces (por então), vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais o pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.


8. VULGARISMO: é o uso linguístico popular em contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma região.

O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.

Fonético:

A queda dos erros finais: anda, comê, etc. A vocalização do "L" final nas sílabas.

Ex.: mel = meu, sal = saú etc.

A monotongacão dos ditongos.

Ex.: estoura = estóra, roubar = robar.

A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.

Ex.: advogado = adevogado, rítmo = rítimo, psicologia = pissicologia.


Morfológico e sintático:

Temos a simplificação das flexões nominais e verbais. Ex.: Os aluno, dois quilo, os homê brigou.

Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo. Ex: vi ela, olha eu, ó gente, etc.

9. ESTRANGEIRISMO: Todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso idioma recebe denominação de estrangeirismo. Classificam-se em: francesismo, italianismo, espanholismo, anglicismo (inglês), germanismo (alemão), eslavismo (russo, polaço, etc.), arabismo, hebraísmo, grecismo, latinismo, tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas da América) etc.

O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático.

Estrangeirismos morfológicos: Francesismo: abajur, chefe, carnê, matinê etc.

Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc.

Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc.

Anglicanismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche breque.

Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc.

Eslavismos: gravata, estepe etc.

Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc.

Hebraísmos: amém, sábado etc.

Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc.

Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc.

Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc.

Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc.

Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc.

Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc.

Estrangeirismos Sintáticos:



Exemplos:

Saltar aos olhos (francesismo);

Pedro é mais velho de mim. (italianismo);

O jogo resultou admirável. (espanholismo);

Porcentagem (anglicanismo), guerra fria (anglicanismo) etc.


10. OBSCURIDADE: vício de linguagem que consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado, ininteligível. Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise (hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções intrincadas e a má pontuação.

Ex.: “Foi evitada uma efusão de sangue inútil.” (Em vez de efusão inútil de sangue)

11. NEOLOGISMO: palavra, expressão ou construção recentemente criada ou introduzida na língua. Costumam-se classificar os neologismos em:

Extrínsecos: que compreendem os estrangeirismos.

Intrínsecos: (ou vernáculos), que são formados com os recursos da própria língua. Podem ser de origem culta ou popular. Os neologismos de origem culta subdividem-se em:

Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução: táxi), fonemática, televisão, comunista, etc.

Literários ou artísticos: olhicerúleo, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante, prócer), vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc.

OBS.: Os neologismos populares são constituídos pelos termos de gíria. "Manjar" (entender, saber do assunto), "a pampa", legal (excelente), Zico, biruta, transa, psicodélico etc.

12. PRECIOSISMO: expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama de "falar difícil", "estar gastando".

Ex.: "O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da sua magnificência astral e rendilhara d’alto e de leve as nuvens da delicadeza, arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos."

OBS.: O preciosismo também pode ser chamado de PROLEXIDADE.



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